Izabel Sadalla Grispino *
Quando se fala em escola do futuro, logo se pensa em escola via Internet. O mercado do ensino pela Internet, ao que tudo indica, é um negócio lucrativo e vem crescendo, permanentemente, em países do primeiro mundo.
Há uma certa desinformação sobre formas alternativas de educação, nas quais se incluem a educação a distância. Há, também, um certo preconceito, no mercado de trabalho, sobre o profissional preparado em ensino a distância. O mercado não quer só garantia do certificado, quer garantia da avaliação, tanto do aluno, quanto do curso. Quer uma boa avaliação que resulte em profissionais competentes. A avaliação deve, pois, ser um ponto forte, aperfeiçoar sua forma, não só para o aluno, como para o próprio curso.
Cursos a distância de pós-graduação, mestrado e doutorado, favorecidos pela faixa etária e pela formação anterior, têm-se revelado eficientes, proporcionando uma educação segura. Um curso de graduação a distância tem as mesmas exigências de um curso presencial: o aluno tem que comprovar o término do ensino médio, o curso tem que ser autorizado pelo Conselho Nacional da Educação e homologado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). É preciso que o aluno esteja atento, saber se está fazendo um curso autorizado.
O curso virtual para os graus de ensino mais avançados é visto como fator favorável, mas para crianças e adolescentes é encarado com reservas. Afinal, educar não significa apenas ministrar conhecimentos; significa abraçar um processo bem mais amplo, integral, onde entram atitudes e comportamentos. Surge, ainda, o fator motivação, a dificuldade de esse ensino manter o interesse das crianças e também ele não contribui para criar nos estudantes uma disciplina de aprendizado.
No processo educacional, faz-se necessário garantir uma interação professor-aluno, garantir a troca, o diálogo, transmitir valores e princípios. A escola tradicional incentiva e desenvolve a socialização – alunos convivendo com seus pares – favorece as relações interpessoais.
Mesmo que a escola on-line estabeleça mecanismos didáticos que permitam oferecer uma educação integral à criança, mesmo que crie ferramentas que garantam a interatividade, ainda fica faltando o elemento humano, como convivência, como reforço aos procedimentos, que é indispensável ao crescimento pessoal.
A escola na Internet, para alcançar objetivos, precisa oferecer um monitoramento constante, não ser confundida com auto-aprendizagem. Admitem os educadores de que a escola virtual para crianças e adolescentes não tem como substituir, em qualidade de formação, o ensino presencial, nos moldes da escola tradicional. Por mais que apresente excelentes currículos, é uma educação confinada ao campo da transmissão da informação, tendo dificuldade na abrangência integral da personalidade, na perspectiva de uma educação holística.
É preciso estar atento aos modismos. Hoje, por exemplo, a procura por escolas que ofereçam ensino em período integral vem crescendo e muito. São escolas que oferecem currículo escolar pela manhã e aulas de inglês, natação, balé e até esgrima à tarde. Essas escolas são procuradas por pais abonados, que trabalham fora e preferem não deixar os filhos em casa com empregados.
A prerrogativa pode ser válida, mas a escola em período integral traz vantagem à personalidade do educando? Pedagogos há que opinam desfavoravelmente à escola em período integral; consideram-na prejudicial à formação do aluno. “A criança precisa circular por vários espaços e conhecer novos amiguinhos para saber lidar com a diversidade”. É fundamental que ela fique, também, em casa, onde tem seus brinquedos e a rotina da família. Não é o período integral que vai garantir uma maior aprendizagem, porque a criança também aprende muito em contato com amigos fora do espaço escolar.
Na devida proporção, essas constatações valem para as escolas virtuais.