Izabel Sadalla Grispino *
O construtivismo deu à escola uma nova forma de aprender: não quer mais a simples transmissão de conhecimento feita pelo professor. É o aluno quem prepara a sua caminhada do saber: observa, analisa, manipula, raciocina e conclui. É um conhecimento que vem de dentro para fora, que leva à formulação de conceitos. Afasta o simples sentido de memorização.
Jean Piaget, já nos anos 20, dizia que o conhecimento é um processo de criação , de construção, não de repetição. As crianças são ativas no processo do conhecimento. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), lançados na década 90, do Ministério da Educação (MEC), apoiados nas idéias de Jean Piaget, recomendaram, oficialmente, o método construtivista.
O método construtivista, com sua formulação de conceitos, com suas atividades concretas, expandiu-se a todos os campos do conhecimento. Na gramática, por exemplo, no modelo tradicional, a conjugação verbal era decorada, as regras eram dadas e os alunos tinham que aplica-las. Hoje, a escola encaminha o aluno para que descubra as regras, através da reflexão.
Os tempos verbais são sempre trabalhados a partir de textos e sem memorizar cada conjugação isoladamente, as crianças acabam compreendendo sua utilização. Nomenclaturas, antigamente exigidas, perderam sua ênfase; hoje, a criança explica o que ela pensa, sem dizer o nome correto.
A escola não despreza a memorização, especialmente quando se trata de tabuada, mas a memorização vem depois da compreensão. Os alunos, através de jogos, de brincadeiras, passam a entender o conceito de multiplicação. Usa a multiplicação, em diversas situações do cotidiano, contextualizando o conhecimento.
Trabalha-se a tabuada como se ela fosse uma produção de criança. Para a soma, pode-se trabalhar materiais, como a caixa de madeira em pequenos cubos, que representam unidades, barras que representam dezenas e centenas. Pede-se ao aluno que dobre várias vezes a quantidade ou unidades até que possa completar a tabuada, por exemplo, de 2.
A tabuada nesse encadeamento é o fim de um processo e não um pré-requisito para lidar com a matemática. O seu uso constante, a revolução freqüente de problemas fazem o aluno decorar a tabuada. Ele vai percebendo que a tabuada faz parte de seu dia-a-dia.
A tabuada torna-se um processo contextualizado, uma didática construtivista que leva à sua compreensão, à sua aplicação, memorizando os resultados.
A escola chegou à conclusão que deve haver um equilíbrio entre o raciocínio e a memória, porque o desenvolvimento da memória é importante em algumas situações. No passado, primeiro se decorava, aprendia o conteúdo só depois o aluno ia aprender para que serve.
Entender o raciocínio e depois memorizar o resultado aumenta a rapidez em cálculos futuros e em estimativa, diz a escola atual. É preciso que o aluno domine os conceitos básicos de multiplicação, como, por exemplo, entender que a tabuada do 8 é o dobro da do 4.
É preciso, contudo, ficar atento a escolas que preconizam o construtivismo. É necessário saber aplicá-lo e bem. O construtivismo não significa ficar só no lúdico, na brincadeira. Há o momento de se resumir, de se fixar o que se aprendeu. Ele na anula, absolutamente, a sistematização dos fatos estudados. Conduz o aluno à compreensão e, no final, fixa os conteúdos analisados e entendidos.
Os avanços na área pedagógica abalam os fundamentos de práticas pedagógicas. Os novos conhecimentos fazem ressurgir um novo mundo, projetando um grande salto para a moderna educação.