Izabel Sadalla Grispino *
Cada vez louva-se mais a participação dos pais na vida escolar. Diante da atual conjuntura social, da rebeldia e violência juvenil que reinam na sociedade e que acabam por se infiltrar nas escolas, diante da dificuldade organizacional por que passam as instituições públicas, por falta de recursos humanos e financeiros, a presença dos pais e de voluntários da educação, vem sendo vista como de alta valia.
Muitas escolas conseguiram frear a violência, também, graças a atuação de pais referendando, junto aos alunos, posturas disciplinares, morais, impondo respeito, dando exemplo de luta na própria pessoa, atitudes que acabam por influenciar os filhos e os demais colegas. Eles trazem, ainda, a considerada contribuição de a escola se tornar mais autêntica, mais representativa de sua comunidade, conhecendo, entre outros, as crenças, os valores, o trabalho, alcançando mais claramente a identidade cultural do aluno.
Inclusive, há canais oficiais estabelecendo, como obrigatória, a presença dos pais em determinados momentos da escola. O Regimento das Escolas Estaduais prevê o Conselho de Escola, que é a instituição maior de decisão, e nele os pais. Na elaboração do regimento, há um envolvimento conjunto, uma participação ética, reflexiva da escola, dos pais e dos alunos. O Conselho de Escola é o responsável pela formulação do regimento e através dele os pais passam a ter mais influência na determinação das diretrizes da escola. O Conselho é composto por representantes da direção, dos professores, dos funcionários, dos pais e dos alunos.
Uma das reclamações da escola é a dificuldade em atrair, para ela, os pais. Mesmo nas solicitações das reuniões de Pais e Mestres são poucos os que se fazem presentes, tratando-se de escola estadual. Por parte dos pais, surgem, eventualmente, queixas de falta de respaldo às suas sugestões.
Faz-se necessário que escolas e pais se encontrem, se harmonizem e prosperem juntos em benefício da educação. A escola não é mais uma redoma de vidro; é imprescindível para a sua subsistência que se abra à comunidade, que crie mecanismos de parcerias, que se renove, ajustando-se ao mundo moderno. Nessa sua empreitada, os pais e os voluntários da educação podem tornar-se amuletos, estímulos na abertura de caminhos.
A escola não pode desprezar essa fonte de colaboração; precisa afastar-se do autoritarismo, do semblante monopolista do passado, da posição eqüidistante, e só chamar os pais para relatar aspectos negativos, faltas cometidas ou baixo rendimento escolar do filho. Ela precisa, sabiamente, aprender a trabalhar com a diversidade, com a pluralidade de concepções e de idéias, enriquecendo-se com a troca, com o diálogo.
Uma escola bem organizada, que tem bem definidos os seus propósitos, os seus critérios, não tem por que temer a participação comunitária, temer a perda da autonomia de que, hoje, é portadora. O projeto pedagógico, seu desenrolar, são de absoluta competência da escola, não devendo haver, nessa linha, interferência externa. Poderão surgir sugestões de mudança, cuja decisão ficará a cargo da escola. Ela é a salvaguarda do currículo, da metodologia aplicada. Cada coisa tem seu lugar, cada função, seu representante. Aos pais competem inteirar-se do processo ensino-aprendizagem e acompanhá-lo, devidamente.
Há várias maneiras de se conquistar os pais, de fazê-los membros coadjuvantes da organização escolar. Iniciativas como festas nas escolas, apresentação de teatro, de coral, competições esportivas, campanhas culturais, excursões, atividades extracurriculares facilitam e favorecem o encontro, que se bem conduzido traz a conscientização. Com a participação vão se abrindo os espaços.
A escola deve refletir a sua realidade social, a realidade de vida do aluno, manter um currículo articulado, contextualizado e nada melhor do que os pais para favorecer a integração, servir de ponte entre a escola e a comunidade.
As escolas, adaptando-se aos novos tempos, vêm se programando para atividades fora das salas de aula. O modelo antigo de educação, com professores só cumprindo o currículo, não satisfaz mais ao aluno e ao conhecimento amplo, diversificado, que o mundo de hoje exige. Ademais, as atividades extraclasses tornam o ensino mais atrativo. Nessas atividades, como nas excursões, a presença dos pais é aspecto valioso para a consecução dos objetivos, permitindo um melhor resultado.
Com a divulgação da medicina profilática, a preocupação dos pais, com o que os filhos comem fora de casa, é uma constante. Aqui, também, é salutar a participação dos pais, na orientação da merenda escolar, passando ensinamentos sobre alimentação balanceada, ajudando nas suas composições, nas proporções adequadas de gordura, de construtores, de reguladores, de carboidratos ou, então, supervisionando as cantinas escolares. Os experientes profissionais podem utilizar a sala de aula – nas ausências dos professores ou em horários extras – para dar noção, introduzir o aluno em suas profissões, despertando eventuais vocações.
Em quantas atividades escolares não podem ser aproveitada a presença dos pais e dos voluntários da educação! Eles mesclam o ambiente escolar com o ambiente familiar, passam uma imagem de amor, de solidariedade, de força de trabalho, demonstrando, nessa participação, a intenção de ajudar a construir um mundo melhor, a partir da escola, a partir da sala de aula.